sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Lavage completa 10 anos de estrada


A banda celebra uma década de atividades com álbum novo, e me enviou esse release que conta um pouco dessa história:

Uma década de atuação na cena de rock independente sintetizados em 10 faixas. Essa foi a maneira escolhida pelo quinteto de punk rock Lavage para marcar essa data especial. Em um cenário fecundo de dificuldades, é cada vez menos frequente ver um grupo de rock atingir essa marca.

O novo álbum, “coincidentemente” intitulado “10” traz os elementos de punk rock que baseiam a estética da banda, juntamente com os de outras vertentes. Seguindo uma linha eclética de composição, claramente influenciada pelas experiências de outras bandas, como The Clash, a Lavage produziu um álbum bastante diversificado.

Gravado entre 2012 e 2013, o recente trabalho vem substituir “Punk Pop?”, de 2011. Ao contrário do álbum anterior, em “10”, a banda optou por não utilizar muitos recursos eletrônicos nas linhas de guitarra e bateria, o que resultou em uma sonoridade mais vívida e orgânica.

A primeira faixa, “Arte ou Nada”, reatou as relações do grupo com uma estética mais próxima do hard core, e propôs uma reflexão sobre o papel da arte na vida das pessoas. Na sequência, “Sexo, drinques e punk rock” utiliza uma guitarra simples e poderosa para discorrer sobre um estilo de vida pautado nesse explosivo trinômio.

Um breve instrumental chuta a porta e abre caminho para “O médico e o monstro”, outra canção com pegada HC, que trata sobre conflitos de personalidade, conforme antecipa o refrão: “Eu tenho medo de mim mesmo/ E de tudo que eu escondo de mim/ Por mais que eu não leve a sério/ Eu sou meu maior mistério”.

Nas faixas, “Krisis”, “Sua mãe também” e “Jerry Lee Lewis tinha razão”, o quinteto passeia por diversos estilos, indo do ska até o indie rock, passando pelo rockabilly.

Para arrematar o disco, as duas últimas faixas trazem versões ao vivo de duas canções do álbum “Krisis”, de 2008: “Terroreconomia” e “Mal-estar”. E é nesse duplo movimento de criar o novo, mas sem esquecer o passado, que a Lavage se prepara para seguir batalhando na cena rocker alencarina.

Veja aqui uma entrevista completa com o vocalista Bruno, realizada ano passado pelo blog Tosco Todo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Entrevista com a banda Cadillacs

Depois de mais de um mês sem postar no blog, estou de volta com mais uma entrevista com uma banda que segue se movimentando no underground. O papo de hoje é com o Bolão Junior e com o Mori, guitarrista e vocalista respectivamente, da banda Cadillacs que acaba de lançar um CD novo. Formada em São Paulo em abril de 2004 por amigos e por simples e pura vontade de tocar punk rock, Esse é o som das ruas! Acompanhe e conheça mais sobre a Cadillacs!
Bolão Junior e Mori
1- Toda banda tem uma história sobre a formação. Qual foi a principal motivação para vocês montarem uma banda de punk rock?
Bolão Junior: Vontade de tocar. Eu sempre quis ter banda e num sabia tocar nada. Comprei um baixo e comecei a aprender. Aí conheci o Mori no cursinho que levou o papo de fazer banda pra frente. Ele recrutou o irmão dele, Filipe, pra guitarra e o amigo Cajá para bateria. Já tinha dois sons pronto que o Mori fez com o irmão dele. Fizemos o primeiro ensaio meio que acústico na casa dele.
Mori: Eu e o Bolão Jr. colávamos em muitos shows. A formação da banda foi apenas questão de tempo e encontrar integrantes com o mesmo feeling que o nosso.
Cajá comanda as baquetas
2- Quais eram as influências naquela época?
Bolão Junior: Bastante punk rock nacional e gringo. Eu conhecia pouca coisa na época, tanto nacional quanto coisa gringa. O tempo passou e já num lembro mais direito... dá pra citar com certeza Cólera, Phobia, Juventude Maldita, Flicts, Excluídos... porra, eu aprendi a tocar baixo tirando música dessas bandas aí... das gringas tem Sham 69, Stiff Little Fingers, The Clash e Rancid.
Mori: Putz, na êpoca já era grande o leque. Mas o único que ficava fora da influência Punk roots era o Filipe, meu irmão. Que tinha influências fortes de HxCx nacional e gringo.
Bolão Junior em ação
3- E hoje, o que a banda escuta? As influência continuam as mesmas?
Bolão Junior: Hoje mudou pra caralho. Neguinho escuta várias coisas e todas elas influenciam nosso som. Desde Desmond Dekker até Johnny Cash.
Mori: Vou com o Bolão. Nossas influências são muito diversificadas. Mas tudo influência positivamente os Cadillacs.

4- A banda surgiu em 2004, e já no ano seguinte lança sua primeiro demo chamada "Dando a Partida" com 10 sons. Como foi todo o processo desde a gravação até a distribuição? Tiveram apoio de algum selo nesse lançamento?
Bolão Junior: Esse foi no DIY total. Sem apoio de selo. Fomos muito impulsionados e influenciados na época pelos nossos amigos da extinta banda Sem Registro. Quando começamos eles já estavam lançando demo e fomos na onda, lançando a nossa 1 ano depois.
A gravação foi num estúdio que eu nem lembro mais o nome, com um cara que eu nem lembro mais o nome. Como primeira experiência foi positivo e a resposta da galera foi boa. Distribuímos no boca a boca mesmo e pela internet, que facilitou tudo.
Mori: Cara, até hoje não sei como chegamos no estúdio utilizado para a gravação….Rsrsrs. Decidimos que para ter mais visibilidade e assim tocar mais, precisávamos ter uma Demo com pelo menos 4 sons. E assim deixar a demo nas gigs. Mas estávamos produzindo nossas músicas muito rápido e decidimos que seria uma experiência positiva já incluir nossos 10 primeiros sons na demo. Essa gravação foi insana. Só para ter uma idéia, não tinha surdo. O Cajá deu um trato em um dos tons e mandou ver.

5- A banda já tocou com nomes consagrados como Invasores de Cérebros, DZK, Subviventes, dentre outras. Como é a relação de vcs com essa galera? É sempre uma sensação diferente em tocar com bandas desse nível, né?
Bolão Junior: Com certeza é do caralho dividir palco com nomes que você ouvia quando era muleque, em fita K7, se pá. A primeira vez que tocamos com banda mais consolidada foi no extinto Black Jack, com o Juventude Maldita.
O Mori conheceu o DMNT quando fazia aula na ULM. A partir daí, o Werner, que era um dos donos do Black Jack, começou a abrir várias datas pra gente ir tocando e chamando outras bandas. Importante dizer que todas as bandas que chamamos sempre tiveram uma atitude exemplar, mais do que bandinha que tá começando e se acha o ó do borogodó na fita. Enfim... hoje em dia, a relação é de amizade e troca. Juntos vamos levando a cena pra frente, mas tem muito a ser feito ainda.
Mori: É sempre um prazer dividir o palco com bandas que nos influenciaram. Ainda mais porque os caras são daqui e vivem os mesmos problemas diários que nós. Tocar com os caras nos dá uma energia extra!
Mori nos vocais da Cadillacs
6- Em 2010 a Cadillacs sofre mudanças na formação. O que aconteceu? Quem saiu e quem entrou?
Bolão Junior: Na época do Black Jack, as coisas iam bem pra gente. Estávamos organizando sons cada vez maiores e já estávamos começando a conquistar um certo público. Depois que o Black fechou ficamos meio que sem casa. Tentamos ainda shows em alguns lugares, mas num deu tão certo assim. Aí algumas bandas que eram parceiras acabaram ou pausaram e a parada meio que deu uma esfriada. Em 2009, estávamos tocando tipo 2 vezes por ano e ensaiando 3 vezes no ano, saca? Já num tinha mais aquela pegada. Aí o guitarrista Filipe anunciou que estava saindo para cuidar das coisas pessoais dele. Foi o momento que sentamos os 3 (eu, Mori e Cajá) e decidimos que se fosse pra continuar era pra ser de verdade, senão num fazia mais sentido. Na época eu já estava tocando com o Juventude Maldita... pra mim num fazia sentido continuar numa banda que estava meia bomba, tendo outra que estava no gás.
Foi nesse momento que decidimos continuar pra valer. Aí eu assumi a guitarra e a Kéu assumiu o baixo. Ela já conhecia a banda de antes e achamos que ia casar bem. Casou mesmo.
Mori: Os integrantes de uma banda sempre passam por um crescimento juntos. O Filipe participou deste crescimento e somos muito gratos. Quando se inclui um novo integrante muita coisa muda. Até porque as influências, pegada e opiniões são diferentes do antigo integrante. Mas a Kéu casou muito com o Cadillacs. Fazendo assim que nossa trajetória não desse uma freiada. Ficamos sem fazer show por longos períodos, mas sempre produzindo. E com a Kéu sempre no barco. Fico feliz por ela poder participar desta história conosco.
Atual formação da Cadillacs: Kéu, Bolão, Mori e Cajá.
7- Agora, a banda acaba de lançar seu primeiro CD. "Pra cima deles" tá bem produzido, com capa e encarte bem bacana. Como foi a produção/gravação? Tiveram apoio de algum selo nesse lançamento?
Bolão Junior: Porra, valeu! A arte é crédito do Cajá. Foi do caralho todo o processo. O primeiro CD da banda, foi gravado e mixado pelo meu irmão DMNT no Estúdio Noise Terror. Nós metemos a mão pra caramba na mixagem também. Foi muito legal o processo! Eu acredito que fazer uma gravação canal por canal, eleva o nível de execução sonora de uma banda. Todo mundo passa a prestar atenção em detalhes que antes não faziam nem diferença. Eu já tinha gravado com o Juventude, mas era baixo! Guitarra é foda, tem muita corda naquilo! Hahaha...
Mas de novo, sem selo. Nós por nós mesmos.
Mori: Mais uma vez a banda toda deu uma correria para o trabalho sair. Sem muita experiência na gravação e finalização de um disco, todos os integrantes tiveram de arregaçar as mangas e fazer o negocio acontecer. O apoio que contamos é sempre a força de amigos, bandas parceiras e de quem curte a banda. Que sempre nos cobra! O DMNT sempre foi muito importante, pois sempre está nos levando para o próximo passo.
Novo trampo disponível: "Pra cima deles"
8- Como foi pegar o primeiro CD na mão, depois de tantos anos na luta? Qual a sensação?
Bolão Junior: Sensação de criança no dia das crianças no parque das crianças, saca? Nada paga, mó orgulho. Mesmo que dê tudo errado, tem 1000 cópias do nosso disco voando por aí pelo Brasil e pelo mundo. E isso é do caralho!
Mori: Tudo que se faz com suor vem com gosto de vitória. E injeta um fôlego a mais para continuar a correr atrás. Nossas letras sempre são vomitados de indignação sincera. Ver este trabalho finalizado é uma puta conquista.
Kéu no baixo
9- E agora, quais são os planos?
Bolão Junior: Tocar, tocar e tocar. Queremos divulgar o trabalho e na medida do possível tocar mais fora de São Paulo. Ano que vem, fazemos 10 anos. Queremos fazer algo bacana. Fora isso, temos 5 sons novos já prontos que vamos gravar esse ano ainda e lançar na internet.
Mori: Estou com o Bolão. Tocar é a meta, em tudo que for lugar.

10- Obrigado pela atenção. O espaço é de vocês para falarem o que quiserem, divulgar links, contatos e o que mais acharem importante!!!
Bolão Junior: Obrigado pelo espaço cedido para divulgar o nosso trampo. Não vou dizer pra comprar o nosso disco, porque isso num é importante. Escute nossas músicas. Escute as músicas das bandas da sua cena local. Valorize o movimento e faça acontecer, pois se não fizermos ninguém vai fazer por nós!
Mori: Nós é que agradecemos pelo espaço. E dizer que a unidade consciente pode fazer a diferença. Um movimento ou uma idéia não segue sem que todos estejam andando para o mesmo destino.
Para maiores informações e adquirir material, entrem em contato aí:
facebook.com/cadillacspunkrock