sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Entrevista com o Xi Drinx

Continuando com a proposta do blog Tosco Todo que é divulgar e difundir o que está rolando no underground, o papo de hoje é com o Xi Drinx, um cara que agita a cena no Oeste da Bahia com seu blog, suas bandas e fazendo as gigs acontecerem...acompanhe aí:
Xi Drinx
1-Você sempre se movimenta aí, entre as cidades de Barreiras e Correntina, seja tocando em bandas, escrevendo em blog ou promovendo eventos. O que você anda fazendo agora? Tá tocando com alguma banda? produzindo alguma gig?
Xi Drinx- Fala Nem! Mano, ultimamente estou trampando com o Terra Sem Lei, que é um blog que mantenho com Suzana, estamos agitando entrevistas bem legais por lá, inclusive vamos fazer nossa primeira entrevista internacional com pessoas da cena punk da África dos anos 70!
Estou tocando na Projétil Paralelo e na Neurovermes, dois projetos bem distintos. Não tenho eventos pra uma data próxima para organizar, mas claro, sempre com ideias prum futuro. Para esse ano pretendo só tocar e gravar também.

2-Como é a cena aí no Oeste da Bahia?
Xi Drinx- Cara, é complicada demais, por que a maioria das pessoas que estão nas cenas, não sacam a ideia de cena, de estar fazendo algo saca? De sacar que elas que são a diferença, claro que tem muita gente em várias cidades aí fazendo a diferença, mas o público no geral ainda é muito imaturo na questão de enxergar na cena local um movimento de cultura independente. Mas como disse antes tem muita gente foda aí dando a cara à tapa, como Jessé lá em Santa Maria da Vitória, em Correntina as pessoas que tocam comigo na Projétil e algumas outras da cena, em Barreiras tem o pessoal da Vomitos que agitava muito antes aí, agora estão mais parados, mas acho que tão voltando. Tinha por exemplo Bom Jesus da Lapa, que é uma cena metal foda, mas que hoje em dia não rola nada mais que um encontro de amigos pra ouvir um som, o espírito de cena mesmo não existe mais por lá, espero muito estar errado, mas até onde eu sei é isso.

3-Você foi um dos idealizadores do Festival Correnteza, em Correntina-ba. De onde veio a idéia do festival? E como foi a produção do evento? Foi na base do faça você mesmo?
Xi Drinx- Mano a ideia foi assim: três dias de foda-se pra sociedade, e inundar a cidade com a energia visceral do rock and roll, é essa a ideia base do Correnteza, e foi foda! Por que conseguimos o que queríamos inicialmente. Foi muito dificil fazer o evento pelo porte dele, as vezes eu não sei onde eu estava com a cabeça de ter pego um trampo daquele! Hahah
Procuramos bandas pela internet, mantemos os contatos, e pronto, o pessoal todo veio por conta, aqui a gente deu, comida, lugar pra dormir e espaço no evento, eram 22 bandas tocaram de verdade 16, além do desfalque de bandas a gente teve problemas no evento desde a prefeitura negando o som de última hora, até a pele do bumbo da bateria rasgando em pleno show. Ficamos com vários prejuízos mas valeu a pena, agora estamos pensando pro ano que vem como fazer o segundo e sanar essas dificuldade, no mais foi foda. Cada um ajudou com o que podia, muita gente mesmo envolvida, a articulação praticamente toda pela internet, sem um real no bolso organizamos o maior evento de contra cultura do oeste da Bahia.
Festival Correnteza em Correntina-Bahia
4-E depois do festival, qual foi a reação das pessoas da cidade com o que viram?
Xi Drinx- O evento fez aparecer uma galera que curtia rock na cidade que eu nunca imaginei, eu e muita gente da nossa geração imaginamos que seríamos os únicos por um bom tempo, apesar que a galera não tem aquela veia política que a gente sempre teve desde sempre, é muito legal ver gente nova aparecendo curtindo o som se interessando por algo diferente, a semente tá lançada.

5-E as bandas que participaram do evento, o que acharam?
Xi Drinx- As bandas fuderam total velho, e fuderam gostoso! Hahaha...
Meu eu só tenho a agradecer por que apesar dos contra-tempos do evento, a apresentação de todas as bandas foram muito boas, todo mundo curtiu pra caralho, quem foi pra curtir um show de rock se surpreendeu por que foi muito som e som pesado!! Nem eu tava ligado que o evento teria tanta banda de música extrema, foi hardcore total e o melhor disso foi ver garotinha da sociedade que mal ouve Legião Urbana pulando com cover de Ratos de Porão, isso é uma prova cabal que não existe essa onda de preconceito o lance é tocar e fazer acontecer, por que rock and roll é isso, é foda!
Banda Descarga Negativa de Goiânia no Correnteza
6-Queria que você fizesse um balanço do festival já que você foi um dos produtores? E o que fica de experiência, entre erros e acertos?
Xi Drinx- Então, o evento deixou vários prejuízos, acho que todo mundo da organização ficou com um, Véi Miguelo teve de pagar a passagem dele de volta pro Goiás, Suzana vai pagar a pele do bumbo, eu vou ter que pagar o meu cubo de baixo que alguma banda estourou no segundo dia do evento, além disso rolou as bandas que falaram que iam comparecer no evento e nem deram sinal de vida, muita sacangem né? Visto o sucesso do evento vamos tentar fazer num espaço fechado, para arrecadar uma grana pra poder sanar uma parte dos possíveis prejuízos, mesmo que a falta de espaço seja um grande problema, temos aí um ano praticamente pra poder pensar em como fazer isso, o que não pode é deixar de ter rock and roll e revolução no velho oeste!
Projétil paralelo
7-Agora vamos falar sobre os seus projetos musicais. Você toca na Neurovermes e na Projétil paralelo. Já chegou a gravar algum material com essas bandas?
Xi Drinx- Bom, a Projétil tem uma demo gravada e um EP ao vivo, a Neuro só tem um show no youtube (que está com qualidade ótima) que dá pra sacar. Os lances da Projétil todos tem no blog da banda e dá pra baixar numa boa.
DOWNLOAD - Primeira Demo da Projétil Paralelo
8-Qual o estilo da Neurovermes?
Xi Drinx- A Neuro toca um punk rock com muita influência do cyberpunk, tem uma leve passada na psicodelia por que é um lance que eu tenho comigo na minha concepção musical, as letras tem influência da literatura cyberpunk e da nossa vivência mesmo em Barreiras, esse deserto cultural que vivemos.

Apresentação da Neurovermes
9-Nos fale um pouco mais sobre esse tipo de literatura Cyberpunk:
Xi Drinx- Bom, a literatura cyberpunk começou no fim dos anos 80 com um dos principais livros o Neuromancer, que é um livro onde o pessoal do Matrix tirou muita coisa, inclusive o conceito de Matrix vem daí, é um universo distópico, onde as máquinas vivem praticamente uma relação simbiótica com o ser humano, e nesse contexto também tem os punks né? Lutando pela liberdade dentro de um mundo neoliberal, esse contexto dos punks propriamente ditos rola mais nos rpgs de cyberpunk como no GURPS. Somos meio nerds a verdade é essa hahah...
A inspiração da Neurovermes
10-E o Projétil Paralelo, quais são as influências?
Xi Drinx- Então o lance que rola na Projétil é que com essa banda a gente leva toda nossa maturidade ideológica, musical bem a sério, eu costumo dizer que a banda é post-hardcore justamente por isso, por ser uma banda que como várias outras (a exemplo maior temos o Fugazi) a gente desvencilha certos preconceitos do punk e deixa a caraterística principal que é fazer um som faça-você-mesmx trazendo contestação até pro próprio meio. O que mais influencia a gente é bandas que tem uma atitude revolucionária que fazem com que a cultura punk seja mais do que uma desculpa pra beber e dançar, por que como eu digo sempre, se você tá aqui pra fazer isso, não tem moral nenhuma pra falar mal do carnaval, a galera também tá lá fazendo isso saca? Eu escolhi o punk como modo de vida por ele representar (pelo menos na minha opinião) uma ameaça ao sistema, não somos punks como o sistema espera ver, acho que é por aí. Musicalmente temos muitas influências, como já citei tem o Fugazi, o At The Drive-in, Drive Like Jehu, aqui no Brasil tem o Não Religião, Eu Serei a Hiena, Ludovic, entre tantas bandas fodas aí!
DOWNLOAD - Projetil Paralelo - EP Antropofagia
11-E daqui pra frente, o que pensa fazer? quais os projetos para o futuro?
Xi Drinx- Bom, pra esse ano eu estou vendo se a Projétil faz uma mini tour em São Paulo e talvez lance um split, to tentando abrir um podcast pro blog também, também tenho planos de ir pra estúdio com a Projétil pra gravar nosso próximo EP. Tocar nos próximos shows que aparecer, estou tentando fazer uma gravação caseira de um álbum solo com uns lances que fiz durante os tempos aí. Ano que vem tem Correnteza de novo, mais shows, espero muito ver o Cama de Jornal aqui no nosso velho oeste!

12-Muito obrigado pela atenção: o espaço é seu pra divulgar, se expressar, repudiar, o que quiser...
Xi Drinx- Meu velho, eu que agradeço, essa é a primeira entrevista que eu respondo, tem 3 anos que escrevo pro blog, e já fiz várias entrevistas mas nunca respondi hahaha...
Eu queria agradecer o valioso espaço, dizer que é uma honra ter espaço junto com todas essas lendas que já passaram por aqui. E falar pro pessoal que está lendo isso: Criem mais espírito de união, você é uma pessoa muito importante, pode fazer mesmo a diferença, se você desenha, pinta, escreve poesia, ou toca, leva adiante o que você quer fazer, não tenha vergonha, as cenas são meio pobres culturalmente por que mal conseguimos ter bandas, faltam as pessoas enxergarem que o punk não só um cara ou uma mina tocando guitarra, punk é revolução, quebra de preconceito!!
Mais respeito no underground, mais garotas ativas nas cenas, menos gente alienada, seja por drogas ou o que for! Vamos fazer essa porra funcionar!!!

sonâmbulo e delirante
deito em pé
rua acima

Conheça mais aqui:
Blog da Projétil Paralelo: http://www.projetilparalelo.blogspot.com/
Xi Drinx em movimento

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Turnê Nordeste com Punk e Rock and Roll


O Tosco Todo tem a honra de produzir junto com as bandas Horda Punk (Santa Catarina), Cama de Jornal e Ladrões de Vinil (Bahia) uma turnê para o Nordeste no mês de Janeiro de 2013.
De início já fechamos 7 cidades, com a possibilidade de fechar mais 3. Estamos aguardando a resposta dos produtores dessas cidades.
A turnê é na base do faça você mesmo, e não tem nenhum interesse comercial ou lucrativo, muito pelo contrário, juntamos as 3 bandas justamente por que sabíamos que uma só não teria condição de bancar com o custo da viagem.
Abaixo segue um primeiro roteiro que fizemos. Acrescentamos á rota da turnê a cidade de Paulo Afonso-Ba. Segue as datas dos shows confirmados/á confirmar:

Cruz das Almas-BA - Dia 10/Jan/2013 / Confirmado
Feira de Santana -BA - Dia 11/Jan/2013 á confirmar
Aracaju-SE - Dia 12/Jan/2013 á confirmar
Penedo-AL - Dia 13/Jan/2013 Confirmado
Maceió-AL - Dia 14/Jan/2013 á confirmar
Recife-PE - Dia 15/Jan/2013 Confirmado
Paulo Afonso-BA - Dia 16/Jan/2013 Confirmado
Ribeira do Pombal-BA - Dia 17/Jan/2013 Confirmado
Pojuca-BA - Dia 18/Jan/2013 Confirmado
Salvador-BA - Dia 19/Jan/2013 Confirmado

Conheça mais sobre as bandas:
Horda Punk: http://palcomp3.com/hordapunk/
Cama de Jornal: http://www.camadejornal.com.br/
Ladrões de Vinil: http://palcomp3.com/ladroesdevinil/
Rota da Turnê Nordeste 2013 - Clique na imagem para ampliar


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Zine do Coletivo Starfish

Criei esse blog pra divulgar o que acontece no underground. E fico feliz quando vejo uma cena como a de Goiânia se movimentando com muita banda legal e agora com esse Coletivo Starfish. Encontrei esse Zine no Blog da Insetus. É um zine de apresentação do coletivo feminista Starfish, se alguém quiser a versão em pdf, deixe seu endereço de e-mail por mensagem privada no facebook delas: http://www.facebook.com/Starfishgo









domingo, 26 de agosto de 2012

Entrevista com a banda Subviventes

O Papo hoje foi em dose dupla com o Valter Abutre e o Rafael Garrafa, baixista e Guitarrista respectivamente, da banda Subviventes. Na ativa há quase 25 anos fazendo o bom e velho punk rock, nessa entrevista eles falam um pouco sobre a história da banda, gravação do disco novo, participação em novela de TV, dentre outros assuntos. Acompanhe aí esse bate papo:
Valter Abutre e o Rafael Garrafa da banda Subviventes

1-A banda surgiu no ABC em 1988. Como era o cenário daquela época?
Abutre- A cena Punk no ABC em 1988 era muito forte, várias bandas surgindo e outras se desfazendo, existiam vários grupos punks no ABC, como os “Punks Carniça”, do Jardim Sonia Maria em Mauá, um dos grupos mais numerosos na época com cerca de 300 integrantes, os “Metralhas” com pouco mais de 15 integrantes, os “Canibais” também com uns 15 integrantes e os “Vermes” do Bairro Capuava, somando um número bastante expressivo na cena PUNK do ABC; havia o grupo dos “Carecas” também, mas eram nossos inimigos como sempre, e eles jamais se metiam a besta com os punks do ABC paulista. Existia vários trabalhos dos Punks como: produção de zines e jornais libertários e vários atos contra o Estado e suas instituições, saíram daqui grupos existente até hoje no cenário e que são muito importante para a cena, como o “Anacopunks” e outros grupos que se manifestam até hoje.
Subviventes agindo no underground!!!
2-Como foi a escolha do nome Subviventes?
Abutre- A banda Subviventes surgiu com a separação ou fim de três bandas da época; a saída de dois integrantes da banda DZK, o Bozó e a Vera, e o fim da banda Rajadas, a qual o Abutre fazia parte, e o fim da banda Miseráveis Punks a qual o Daniel fazia parte, todo esse pessoal ensaiava no mesmo local e decidiram montar uma banda já que Vera era vocalista, Bozó era guitarrista, abutre era guitarrista também mais assumiu o baixo e Daniel baterista, só faltava um nome para banda, surgiram vários nomes mais nenhum se enquadrava com os nossos padrões de vida, ai o Bozó disse; "tem que ser um nome que tem a ver com o modo de vida que levamos", que era a vida operária, pois todos os integrantes eram metalúrgicos, menos a Vera, dai o Daniel falou; "nós somos subviventes por viver abaixo dos padrões normais do que deveria ser, que tal?" o Bozó disse é esse o nome da banda.

3-A banda durante esse tempo teve alguma mudança de formação?
Rafael- Sim, em 1990 o Bozó e a Vera deixam a banda, assumindo, assim, o vocal e a guitarra o Cleiton, que já havia entrado logo após o início da banda como guitarrista. Em 1992 entra o Rafael, como guitarrista também; essa formação permanece até 2001 quando o Daniel resolve deixar a banda, onde o Vermeio assume a bateria, em 2008 o Cleiton deixa a banda e o Galeão assume o vocal.
Subviventes da esq. p/ dir.: Rafael, Abutre, Vermeio e Galeão.
4-A banda lançou o primeiro CD "Lutar" sete anos depois de formada. Qual o motivo?
Rafael- O único motivo foi a falta de dinheiro, pois tínhamos muitas músicas para gravar, tanto que algumas músicas não entraram no 1º CD ficando para o 2º; lembro-me que fizemos um rateio fudido entre nós para conseguirmos o valor para gravar e prensar 500 cópias, na época era muito caro para gravar e prensar, não havia reproduções caseiras, tampouco a quantidade de estúdios que existem hoje.
Primeiro lançamento do Subviventes - 1995
5-E com esse trampo na rua, qual foi a repercussão?
Rafael- Foi ótima, começamos a tocar em mais lugares e podíamos enfim, divulgar nosso trabalho com qualidade, pois antes havia apenas uma fita Demo gravada em ensaio, houve também um trabalho de divulgação maior por conta do CD, havia rádios alternativas no ABC que tocavam direto nossas músicas, mandamos o material para vários lugares para divulgação como, Fanzines, revistas, MTV e etc, até que uma produtora que existia aqui em Santo André, chamada Cameratti, de propriedade do cantor Belchior resolveu fechar com a gente para distribuírem esse CD em uma escala maior, onde foi relançado com uma nova capa e com mais duas músicas.

6-Quatro anos depois é lançado o segundo CD "Tão forte quanto o tempo". Esse foi um CD que continuou na mesma linha do primeiro, ou foi uma nova fase da banda?
Rafael- Acredito que foi na mesma linha sim, pois estávamos na mesma pegada, porém um pouco mais maduros musicalmente e com uma experiência de gravação que não tínhamos no 1º CD, e como disse, algumas músicas tinham sido compostas antes do “Lutar” mas não entraram nele.
CD lançado em 1999
7-É verdade que vocês tiveram uma participação em uma novela da TV? Como foi isso?
Rafael- Sim, fomos convidados por dois atores que formavam um casal de roqueiros, onde na trama da novela o rapaz era discriminado pela família por gostar de rock e por se envolver com uma garota roqueira, a novela se chamava “Metamorfoses” na Rede Record, como havia acabado de lançar o nosso 3º CD “Até que o dia aconteça” achamos que seria interessante para a divulgação da mensagem do nosso trabalho a um público diferente, assim fizemos uma participação nas gravações de uma cena em que eles se encontravam em um bar onde nós estávamos tocando ao vivo, na gravação escolhemos por tocar a música “Pode Ser?” e em outras duas cenas utilizaram mais duas músicas nossas.
Rafael Garrafa - Subviventes
8-Vocês já tocaram com bandas consagradas como 365, Cólera, GBH dentre outras. Como é tocar com bandas que com certeza influenciaram vocês?
Rafael- Cara é muito legal poder dividir o palco com bandas as quais você curti e se influencia, você pode trocar idéias com os caras e conhecer um pouco mais de cada um, com o GBH por exemplo; após o show ficamos bebendo no bar e trocando idéias, muito a pampa mesmo, com o Anti-Nowhere League, trocamos materiais e umas idéias também, os caras do 365, DZK e Cólera são grandes camaradas.

9-A banda procura em suas letras abordar os ideais libertários, o problema da desigualdade social, o combate a todo e qualquer tipo de racismo. Mas ao mesmo tempo deixa uma mensagem positiva para um mundo melhor. De onde vocês acham que deve partir a mudança?
Abutre - Qualquer tipo de mudança tem que partir da espontaneidade, somente o ato espontâneo e consciente pode trazer mudanças verdadeiras, a mudança forjada não é mudança em minha opinião, é imposição de regras e leis que favorecem apenas a minoria, por isso acreditamos na mudança de baixo para cima com a revolução social proletária, mais nunca ditadura, seja lá de quem for sempre será ditadura e quem sofrerá as consequências é sempre quem está em baixo. A mudança se estabelecerá na opinião da banda com a ressurreição dos valores inerentes ao homem, valores esses, que foram esquecidos por conta das imposições capitalistas que imperam em nossos tempos, baseado nesses valores que são; a reciprocidade, o respeito à vida em geral, a solidariedade e a compreensão mútua, é que a mudança virá, e é nisso que acreditamos.
Vermeio na bateria
10-Como é a composição na banda, quem escreve as letras, quem coloca os acordes?
Rafael- No “Lutar” as músicas são do Bozó, do Abutre e do Cleiton, eles compunham sozinhos as letras e as melodias em casa, e as apresentavam à banda no ensaio, no “Tão forte quanto o tempo” gravamos algumas que não entraram no 1º CD, e o Cleiton e o Abutre compuseram outras a mais, já no “Até que o dia aconteça” eu compus algumas músicas sozinho, outras o Cleiton compôs, outras o Abutre compôs, e algumas criamos em parcerias nós três, há também umas três ou quatro músicas que fizemos em parcerias com pessoas que são amigas da banda.
Clipe da música "Já basta"

11-O que vocês andam ouvindo ultimamente?
Rafael- Cara ouvimos muitas coisas mesmo, os mais variados estilos, várias bandas Punks em comum como: The Clash, Ramones, Stiff Little Fingers, 365, Cólera, The Jam, 999, e etc, e outras mais particulares, por exemplo; eu escuto bastante Hardcore e Thrash Metal como; Madball, Sick of It All, Slayer, D.R.I, o Vermeio sei que ele gosta de umas paradas Rock como; Rush e Motorhead, o Galeão gosta também de algumas bandas de Rockabilly e SKA, e o Abutre curte bastante bandas da fase do inicio do Punk, essa diversidade de gostos musicais, aliada aos gostos em comuns, é que achamos importante para o processo de composição das letras e melodias da banda.
Galeão dando voz ao Subviventes
 12-Quais os planos daqui por diante? Algum material novo no forno?
Rafael- Sim, já estamos com o material quase pronto para a gravação do 4º CD que pretendemos lançar no 1º trimestre do ano que vem, algumas músicas já estamos tocando ao vivo, também para o ano que vem pretendemos lançar um CD gravado ao vivo e um DVD com a história da banda através de entrevistas, fotos, trechos de shows ao vivo e etc, tudo em comemoração aos 25 anos de existência ininterrupta da banda, sem parar em nenhum momento.

13-E quando rola algum material novo, vocês disponibilizam na net? O que vocês acham da internet como ferramenta de divulgação de bandas?
Rafael- Sim, temos os 3 CDs disponibilizados na Internet, e pretendemos lançar o 4º trabalho também, quando estiver pronto, acho de suma importância a Internet para a divulgação de bandas e de cultura e informações em geral, é uma ferramenta que, incontestavelmente, leva ao acesso de muitas coisas as quais antes não tínhamos, com tal velocidade e a custo, por vezes, zero.
Clipe bacana com a letra na legenda

14-Agradeço a atenção... Agora o espaço é de vocês para divulgar, esclarecer, repudiar...
Rafael- Quero agradecer a todos que ao longo desses 25 anos vem ajudando a banda na divulgação e indo aos shows nos dando total apoio, posso dizer que para nós tudo está valendo a pena, a todos aqueles que lutam pelos ideais libertários, pois somos uma banda que acreditamos em uma sociedade onde exista a liberdade plena, de maneira que todos os seres vivos possam coabitar o planeta com respeito e harmonia, e a você Nem, quero agradecer a oportunidade dessa entrevista e o apoio dado a nós e também parabeniza-lo pela banda e pelo blog, valeu mesmo irmão, conte sempre conosco.
Abraços Libertários a todos!
Site Oficial:

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Coletâneas no Tosco Todo

Essa postagem é pra galera que reclama que aqui no blog não tem download...Não é minha prioridade isso,  já que existem bilhões de blogs que disponibilizam materiais para baixar, mas para não dizerem que sou ruim, vai aí algumas coletas que tem bandas que já passaram por aqui dando entrevistas:

MATERIAL RECICLADO
Com as bandas:
Horda Punk(SC) / Cama de Jornal(BA) / Repúdio C.G.(MS) / Blas Femea(BA)

Essa coletânea foi organizada por mim mesmo, e lançada pelo selo Tosco Todo. De início esse projeto sairia em CD físico, com capa em papel reciclado e tudo mais, mas a falta de grana me impossibilitou e disponibilizei para download. Mas ainda penso em lançá-la em breve.
Download 4shared
Download Mediafire

ACRACIA FANZINE #8 - PRINCIPIO Y FIN - ARGENTINA
Com as bandas:
Comando Extremo / Bandoleros & Piratas / El Touche 77 / Funk Doll / De Canguros / Guerra Urbana / Exumacion / LSD / Los Subversivos / Infrazombies / Manopla / Kranko / Consciência Suburbana / Cama de Jornal / Saga.

Essa coleta só fiquei sabendo hoje que minha banda participava através do Allan do Guerra Urbana. É um material produzido na Argentina pelo Acracia Fanzine e foi lançado em Março de 2011. Quem tiver interesse de conhecer, tá aí:
Por enquanto é só...

Entrevista com o Doriva da Orelha Seca

Pesquisando e batendo papo com os amigos, percebo que há uma infinidade de gente procurando fazer algo na cena punk rock/hardcore/grind/noise/crust e afins...cada um tentando do seu jeito. E seguindo movimentando esse underground no nordeste, apresento um bate papo com um cara que conheci há alguns anos atrás durante um show em Salvador: Doriva, vocalista e baixista da banda soteropolitana Orelha Seca...acompanhe aí:
Doriva - Orelha Seca
1-Quando surgiu a A banda? Quais as influências musicais? E de onde veio o nome Orelha Seca?
Doriva- Saudações meu broder Nem. A Orelha Seca surgiu em 2004, enquanto as influências, são tantas... nossas influências em comum são bandas punks dos anos 80 e algumas bandas atuais. E Orelha Seca é o nome dado pra designar ajudantes de construção civil. No começo da banda tínhamos isso em comum, todos éramos "orêa secas" pois trabalhávamos como ajudantes, mas resolvemos escrever da forma correta pra não ficar em um modo pejorativo, preconceituoso, saca?

2-Qual era a intenção de vocês ao montar a banda? E pra quem não conhece, qual o estilo da Orelha Seca?
Doriva- No começo era totalmente por gostar do som Punk Hardcore. mas demos sorte de dar início a banda num tempo que uma molecada nova tava surgindo na cena punk da cidade, e com essa molecada aprendemos muita coisa da contra cultura punk e aos poucos fomos levando isso pra banda. Com o tempo, isso mudou demais nossas vidas e mergulhamos de cabeça. Com o passar do tempo nossas letras iam falando mais de nossas experiências pessoais e coletivas e começamos a fazer um som mais cru e direto, então nos consideramos uma banda D beat Raw crust.
Orelha Seca 2012: Jobson, Doriva  e Monstrinho
3-A maioria das cidades tem problema de espaço para bandas undergrounds. E aí em Salvador Como anda a cena?
Doriva- Cena? Não considero isso aqui uma cena. Os espaços são escassos, quase inexistentes, mas espaços 100% alternativos não existem mais. Ainda tem uma dúzia de mercenários que fazem com que as bandas paguem pra tocar com a tal venda de ingressos. Mas tem uma galera teimosa que sempre faz algo legal como o Coletivo das Ruas, que tenho o orgulho de participar, têm o pessoal do subúrbio que também está dando uma movimentada massa, mas fora isso, infelizmente a coisa vai muito mal devido até a tretas passadas mal resolvidas.

4-Quando foi gravado a primeira Demo? É verdade que vocês cataram latinhas pra poder comprar as mídias?
Doriva- Gravamos em 2005 no Minduin Estúdio, na verdade gravamos o ensaio numa câmera digital, e as músicas que ficaram menos piores colocamos na demo, pro pessoal ter uma ideia de como era nosso som. Ficou tão ruim que batizamos a demo de “Mais tosco?? Impossível!!” e como estávamos desempregados catamos latinha sim pra comprar as mídias pra poder comercializar, foi uma experiência FODA mas no fim fizemos poucas cópias, presenteamos alguns amigos de várias partes do país, portanto essa demo é raríssima.

5-Chegaram a tocar pra divulgar essa demo?
Doriva- As músicas dessa demo ficaram no nosso repertório por um certo tempo pois algumas delas eram consideradas “clássicas” mas o show que tocamos as músicas dessa demo pela primeira vez foi o festival Anti Música, um festival que conseguiu unir várias bandas da cena da época, a maioria infelizmente não estão mais na ativa, mas aquele festival foi inesquecível pois começamos novas amizades e de certa forma uniu um pouco mais os punks da época.

6-Depois vocês lançaram a Demo "Chegou a hora da Construção". Ainda era a mesma formação da primeira demo? Qual foi a repercussão desse material?
Doriva- Essa demo lançamos em 2007, a distribuição foi um pouco mais ampla, teve uma mudança na formação sim, quem tocou bateria nessa demo foi Júnior que teve uma rápida passagem pela banda.
Baixe aqui a demo Chegou a Hora da Construção - 2007
7-Em 2008 sai a 3ª Demo, lançada primeiramente de maneira virtual pelo Crust Or Die e posteriormente em CD pela própria banda. Com isso conseguiram atingir um público maior, não é?
Doriva- Isso. Essa demo chega mais perto da nossa fase atual. Disponível no blog deu pra uma galera de outras partes do mundo baixar e dar uma sacada no som, pra quem já conhecia, rolou uma estranheza, pelo fato de trazermos nessa demo uma sonoridade mais pesada e a “ausência” de um vocal nas faixas da banda, no lugar só berros e frases mal encaixadas e foi batizado pelos amigos mais próximos de Dorivês. mas acredito que essa demo nos rendeu apresentações em diversos lugares.
Baixe aqui a demo Lançada pelo Crust Or Die
8-E os shows fora de Salvador, sempre rola?
Doriva- Nem sempre, pois pelo que estamos conversando com nossos amigos de fora, cada cidade está passando por um problema diferente, problemas esses que dificultam de levar uma banda de fora pra ir tocar.
Orelha Seca em Vitória da Conquista-Ba - Gig Autonomia é o Caminho
9-O que a banda anda preparando de novo? Vem algum CD ainda esse ano?
Doriva- Estamos voltando aos ensaios. Não sabemos se esse ano, mas em breve estaremos com material novo na praça.

10-Valeu, Doriva!!! O espaço é seu para as considerações finais:
Doriva- Em nome da banda gostaria de agradecer e fico feliz que mais um veículo esteja ativo e resistente, aproveitar pra deixar o endereço pra quem quiser manter contato, trocar material, aí vai:  http://soundcloud.com/orelha-seca
Email: Dorivaaa@hotmail.com

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Entrevista com o Fábio Sarjeta

Consegui a entrevista com o Fábio através do meu amigo Jorge Afonso, de Goiânia, e são com essas parcerias que o underground vai se mantendo e crescendo cada dia mais.
O Fábio, como o próprio "sobrenome" já entrega, é o vocalista e baixista da banda Sarjeta, e faz parte também da clássica Excomungados. Mas além disso, o Fábio é um grande articulador da cena underground, seja tocando em suas bandas, ou produzindo gigs, zines e blogs...mas vamos ao que interessa:
Fábio Sarjeta
1-Primeiro nos fale quando surgiu a banda Sarjeta e quais são as influências?
Fábio: Surgiu em 1.996, com colegas de classe do colégio técnico Rui Barbosa em Taboão da Serra na grande São Paulo, influência de diversas bandas de punk rock 77, hardcore old school como Dead Kennedys, Black Flag, Circle Jerks, The Germs entre outras e ska jamaicano, cubano e principalmente the Specials, e com o passar dos anos as influências foram crescendo, gosto de samba como Cartola, Adoniran Barbosa e Noel Rosa, Cool Jazz como John Coltrane, Miles Davis, reggae, rock alternativo dos anos 80 e 90. Minha identificação com a parte literária anarquista e subversiva foi grande inspiração também, posso citar Bakunin, Proudhon, Arthur Rimbaud, Kropotkin, Malatesta, Godwin, Stiner, George Woodcock, Michael Walzer, Clarice Linspector, etc e etc...
Cassio é o guitarrista do Sarjeta
2-E como o público tem assimilado todas essas misturas de estilos?
Fábio: A galera tem respondido bem, grande parte vê de forma positiva nosso esforço pra fazer algo diferente, mas na verdade só temos influências diferentes, misturamos tudo e isso acaba dando a impressão de algo novo, mas sinceramente não é novo, só algo diferente do que rola com as bandas da cena atual.
Sarjeta em Santos-SP
3-A banda sempre toca por São Paulo, como vocês tem visto a cena punk hardcore atual? O que você anda ouvindo de novo?
Fábio: Rola sons direto, diversos por cada final de semana, com certeza é a cena que mais tem público e bandas, até pelo tamanho da cidade e toda história do punk rock paulistana. Ótimas bandas e muita gente envolvida com a organização de gigs. Tenho escutado Leprose, Ataque a Jugular, Kob 82, Motim, Naftaleno, Hemp & Caos, Fusarium, Cama de Jornal, El Touch, Vingança 83, Holocausto Sonoro, Gricerina, Baktéria, Violência Suburbana, Kombativos, Para-raio de Desgraça entre muitas outras bandas.

4-O Sarjeta já tocou também em outros estados. Como foram esses rolés e o que você percebe de diferente nesses shows? E já tocaram até aqui na Bahia, quando foi?
Fábio: Em cada estado existem características locais peculiares, no Rio Grande do Sul, lá a cena é muito ativista, a mais politizada. A cena de Santa Catarina é parecida com a de São Paulo, onde os punks e skins Antifas tomam mais a frente nas realizações de gigs, no Paraná a cena Antifa é forte também, mas assim como em São Paulo é perigosa por existirem muitos Neo-nazistas.
Em Minas Gerais a galera punk tem a menor faixa etária de todo cenário punk nacional, tem pouca gig, mas muito álcool sendo consumido hehheh, em Brasília a cena é forte e as pessoas no geral são muito inteligentes e empenhadas em realizar as gigs, filmes, zines etc. Em especial meu amigo Grilo que é uma das pessoas que mais fazem as correrias pela cena brasiliense e nacional.
O nordeste tem uma cena forte, pessoas muito receptivas, ótimas bandas e o hardcore come solto. O show na Bahia ocorreu em Março de 2.010 em Feira de Santana, foi lindo demais, adorei conhecer as pessoas e conviver por alguns dias com eles, o som foi o melhor já realizado pela banda fora de SP, recepção nota mil, espero voltar em breve pra Salvador e Feira de Santana, pois fiz grandes amizades por lá. 
Sarjeta em Porto Alegre-RS
5-A primeira Demo de vocês foi lançada em 2002, seis anos depois da formação da banda. Qual o motivo da demora pra gravar esse material?
Fábio: Basicamente grana, e mudanças na formação da banda. Como a grana saiu do meu bolso e meu bolso costuma estar sempre vazio, além de demorar a qualidade das gravações não saíram da maneira que eu desejava, por outro lado sempre achamos que poderia ficar melhor hehehe.
Capa da demo de 2012
6-Como foi a distribuição desse material? Foi na base do faça você mesmo, ou teve a colaboração de algum selo?
Fábio: Eu distribui em shows e aos amigos que via no dia a dia, atualmente tem todas as gravações disponíveis gratuitamente neste site http://bandasdegaragem.uol.com.br/banda/sarjeta
Porceta é o dono das baquetas do Sarjeta
7-Em 2007 a banda participou de uma colêtanea Anti Tributo ao Excomungados, banda clássica dos anos 80. Como surgiu esse convite?
Fábio: A idéia foi do Rodrigo de uma banda anarco punk da USP, e acabou entrando uma música na versão do Sarjeta e outra chamada Baratas do também membro da banda Excomungados o Xines, nome deste projeto dele é FLIT.
8-E por falar em Excomungados, hoje você toca com eles. Como foi que se tornou um membro da banda?
Fábio: Conheci a banda em 92, era uma das minhas bandas favoritas, e nesta época a banda estava parando, praticamente não existia mais. Quando a banda voltou em 2.000 eu colava nos sons, e sempre era convidado para tocar com eles, até que o Chinês me disse “ai Sarjeta, fica de vez na banda, porque ta foda” kkkkkkk. E sai do banco de reservas e virei titular.
Excomungados 20 anos
9-Quais foram os discos que você gravou com o Excomungados?
Fábio: 20 anos, ao vivo no Crusp, Anti tributo e algumas coletâneas.
Clipe da música Drogas de Governo com Sarjeta e Excomungados

10-Além de tocar nas duas bandas, você ainda produz shows, escreve para alguns blogs também. Como é essa vida fazendo tanta coisa ao mesmo tempo?
Fábio: Atualmente dois blogs tem colaboração minha, o Sub Punk e Criatividade e Combatividade além da revista de rock do ABC Rock Central. Sempre curti organizar gigs e fazer zines, é somente inclinação e vontade de agir do modo que se propõe, combater a falta de ideais e autenticidade dentro da arte em geral, somos animais políticos, não no sentido partidário, mas no sentido de política ser vida, são relações que vivemos o tempo todo, se ignorarmos isso, seremos mais uma espécie de animais controlados, como gados.
Eu sou do subúrbio, e de uma família muito católica, e o movimento me abriu a cabeça contra o racismo, desigualdade social, homofobia, machismo, femismo, estado etc. Portanto minha formação ideológica, meu caráter, personalidade etc, devo principalmente ao movimento punk. Tenho que retribuir isto, sou um cara que decidiu dedicar a vida ao punk rock e movimento punk.
Prefiro viver na sarjeta, que me entregar à mediocridade do mainstream, da sociedade e todo o seu moralismo hipócrita e suas prateleiras morais, e a qualquer demência coletiva religiosa. Punk é o que me faz acordar todos os dias. Enquanto eu dou um passo, a realidade, dá dois, mas no dia seguinte eu darei três. O movimento Punk é minha muleta, minha vida.

11-No final as histórias que ficam, né? Conte pra gente uma boa e uma ruim durante essa sua vivência no underground:
Fábio: É difícil escolher uma, mas quando ajudamos pessoas que necessitam com alimentos, roupas e fazendo as pessoas pensarem e agirem de forma mais coletiva, complacente e altruísta, são coisas altamente gratificantes e me trazem felicidades. Envolver isto tudo com o fato de estar em cima do palco é algo que não consigo traduzir em palavras o quanto me sinto realizado.
Negativas foram algumas, a mais recente e que ainda dói muito todos os dias é o fato de ter perdido um amigo, um irmão há um ano atrás, seu nome era Johnny, era filho do ex integrante da banda Excomungados o Falcão, outro grande amigo meu, ele foi assassinado por carecas e neo-nazistas, uma das milhões de vítimas ao redor do mundo, mas com certeza a que mais me abalou. Desde então em todas apresentações do Sarjeta sinto um enorme vazio ao olhar a galera pogando e não ver ele agitando como ninguém e cantando junto comigo.
Fábio com o amigo Johnny
12-E depois de tantos anos na cena, com muitas tretas e furadas. O que o faz querer continuar?
Fábio: Amor a revolução, ao punk rock, a minha banda Sarjeta e aos amigos que fiz dentro desta eterna batalha.
Fábio com a galera do Excomungados em frente a loja do Xines
13-E o que esperar do Sarjeta daqui pra frente? E o Excomungados tem preparado algo novo?
Fábio: Grandes pretenções não é um mal que eu sofra hehehe. Quero continuar tocando e levando o nosso som ao máximo de pessoas que possam ter acesso ao nosso trabalho. Lançaremos no começo de 2.013 um cd com músicas inéditas dos Excomungados comemorando 30 anos da banda.

14-Véio, o espaço é seu pra divulgar o que quiser, endereços das bandas na net, agenda de shows, falar sobre o que não perguntei...diga aí:
Fábio: Obrigado pela oportunidade, é sempre um enorme prazer falar sobre punk rock, parabéns pelo trabalho desenvolvido por você com o blog e sua banda. Um recado para os leitores, se você tem um amigo racista, homofóbico, xenófobo, machista, femista, ou que tenha qualquer outra atitude fascista... ELE NÃO É SEU AMIGO!
Êra punk, anarquia sempre!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Entrevista com Jayme Katarro do Delinquentes

Tive a honra de entrevistar o Jayme Katarro, vocalista da banda Delinquentes, e um ícone do punk rock hardcore da região norte do Brasil, mais precisamente da cidade de Belém do Pará. A banda foi formada em 1985, então tem muita história pra contar. Acompanhe aí:
Jayme Katarro
1-Há 27 anos você vivencia o Punk Rock. Mas gostaria de saber como foi o seu primeiro contato com o movimento, o que te levou pra dentro dele?
Katarro: A 1ª vez que assisti um show da banda punk local Insolência Pública me catapultou à esse mundo nefasto do punk / hardcore. Antes, já havia ouvido alguma coisa em fitas cassetes de Ramones, Sex Pistols, Cólera, Inocentes e Ratos de Porão, nos idos dos anos 80. Mas era tudo uma coisa nova e forte para mim na época.
Da esq. p/ a dir.:  Raphael (bateria)  Pedro (guitarra), Pablo (baixo) e Jayme (vocal) .  Foto: Brunno Regis 
2-E depois de tanto tempo, o que mudou na cena, seja por parte das bandas, produtores e até mesmo do público?
Katarro: Não dá mais para comparar o que vivi nessa época ainda, onde tudo era rudimentar e muito mais precária que hoje, sem internet, sem meios de comunicação, e até mesmo depois, quando já existia um movimento punk aqui na cidade (do qual eu participei) com o que existe hoje. Hoje há estúdios para as bandas ensaiarem, shows pipocando em quase todos os fins de semanas, sons mais fáceis e acessíveis, e a internet, que consegue aproximar pessoas de regiões distantes, como as daqui do norte.
Video Clipe de Pescador, uma versão da música do Mestre Lucindo do Carimbó.

3-Voltando no tempo, mais precisamente ao ano de 1988, a Banda gravou a fita-demo Infecto Humano. Qual era o panorama vivenciado por vocês naquela época? Músicas dessa Demo ainda são executadas e soam atuais?
Katarro: Nessa época estávamos no auge do movimento punk (ao menos daquele período). Fazíamos reuniões e principalmente, não ficávamos apenas nisso. Fazíamos atos-shows, passeatas, panfletagens, tudo o que achávamos válido para conscientizar o povo. Era algo bem político mesmo. A pessoa que não participasse das reuniões (que eram semanais) não era considerada do movimento. Os sons da demo Infecto Humano, algumas ainda são tocadas sim, mas a maioria receberam novas roupagens, principalmente porque os integrantes que a tocam hoje não são mais os mesmos daquelas épocas, então é outro contexto.

4-Depois Dessa fita-demo, vieram mais duas. Mas só em 2000 veio o primeiro CD. O que ocasionou essa demora para lançar o Pequenos Delitos?
Katarro: A distancia aqui dificulta muito. Pode parecer clichê, mas aqui não havia gravadoras, como no sul. E gravar na época do vinil era uma coisa por demais cara. Só em 2000 veio o primeiro selo paraense, o Ná Music. E a Delinquentes foi a primeira banda à gravar com seu selo, inclusive (antes, eles já haviam feito uma coletânea, o Açaí Pirão).
Baixe aqui o primeiro CD do Delinquentes - 2000
5-A banda teve durante esse tempo, certa dificuldade em manter uma formação por muito tempo. Depois de 40 formações diferentes, o que mudou no som da banda?
Katarro: Muita coisa. Mantemos a agressividade hardcore do início, principalmente na velocidade da bateria e dos riff's. Mas era natural que o som mudasse. mesmo que não tivesse havido mudanças na formação, eu não gostaria de passar quase 3 décadas tocando a mesma coisa. As letras continuam ácidas e agressivas, porém não tão diretas como antes.
Delinquentes no Pitiú Festival -  Foto: Melissa Alencar
6-Falando agora do DVD ao vivo em comemoração aos 27 anos da banda, como foi possível viabilizar esse projeto ousado de gravar o show em praça pública, e ainda sem um palco coberto? Vocês correram um alto risco que tudo desse errado?
Katarro: Risco nós corremos, hehe. Principalmente porque Belém é conhecido como a cidade da chuva. Mas há períodos em que chove menos, e isso foi calculado também. A realização do DVD só foi possível por 3 motivos: A Greenvision (maior produtora de videoclipes da cidade) ter apostado na banda, o nosso projeto ter passado na lei de incentivo Semear e por último, termos tido o apoio do Conexão VIVO, que patrocinou o projeto.
Sem esses fatores, ainda estaríamos na fila de espera para realizar algo. Vale ressaltar que a idéia de fazer o show sem palco e sem cobertura, foi da Greenvision, que gosta de coisas ousadas.
Gravação do DVD em praça pública em Belém - Foto: Marcelo Lelis
7-Pude ver algumas fotos e videos dessa gravação e percebi um clima bem alto astral não só por parte da banda, mas tambem do público. O que você sentiu quando começou o show e viu toda aquela galera?
Katarro: Foram meses preparando aquilo tudo e quando começamos e eu senti a vibração do público, respirei aliviado e pensei: "Agora a coisa começou de vez".
Videos gravados pelo público presente na gravação do DVD

8-Depois de tanto tempo na luta, fica a sensação de missão cumprida?
Katarro: Sim, mas não que a luta tenha acabado. Isso foi só um recomeço na minha opinião. Um marco-zero para vermos o que vai acontecer daqui para frente.
Jayme com a galera na gravação do DVD - Foto: Marcelo Lelis
9-Agora é esperar a finalização do DVD. Qual a previsão de lançamento? E vai ter um CD desse show também?
Katarro: A previsão é para o final do ano. O áudio está neste momento em Goiânia, sendo mixado pelo Gustavo Vasques, e enquanto isso, a produtora já começa à mexer nas imagens. Com certeza podem esperar um grande show de lançamento para este DVD.
Katarro no meio da galera - Foto: Marcelo Lelis
10-Velho, agradeço pela atenção. O espaço é seu para falar o que quiser, deixar contatos, links de sites, de audio, videos...o espaço é de vocês!!!
Katarro: Bom, eu é que agradeço. Aguardem o DVD e para quem não nos conhece, procure mais da banda pela internet:
Outros links da banda:
E-mail / Msn: delinquentes.hc@gmail.com